Como todos sabem, as promotoras independentes dos Estados Unidos são uma grande fábrica de talentos, que costuma ser o ponto de partida para todos que almejam uma posição de sucesso nas companhias mainstream. Muitos desses talentos, nunca chegam a alcançar um contrato com essas empresas, e permanecem engrandecendo seu currículo nas próprias indys; outros, entretanto, conseguem chamar a atenção das grandes companhias e usufruem de carreiras de sucesso nelas.
Porém, hoje falarei do terceiro caso nessa história, aqueles que alcançam um contrato com uma grande empresa (neste caso específico, a WWE), mas que devido ao mal uso e poucas oportunidades, nunca conseguiram o sucesso inicialmente desejado. Sem mais delongas, passemos ao texto;
Algo sobre as independentes que não é incorreto de ser afirmado, é que elas normalmente acabam por possuir o papel de criar e moldar as habilidades de lutadores que um dia serão as grandes estrelas da luta livre mundial. Nomes como CM Punk, Seth Rollins, Daniel Bryan, Samoa Joe, Low Ki, Christopher Daniels, entre muitos outros, só se tornaram (ao menos em minha concepção) as grandes estrelas que são, devido ao tempo que passaram nas indys, onde desenvolveram seus talentos e alcançaram a experiência necessária para serem chamados a integrar as fileiras das grandes companhias.
E, promotoras como a WWE, sempre prestam atenção em vários dos jovens que se destacam nas indys, vendo neles a oportunidade de criação de nomes que venham a ser bem sucedidos e gerem renda para a companhia (neste caso, vendas de merchandising e audiência para seus shows). E é com isso em mente que muitas estrelas do cenário independente decidem por se aventurar na "big league", perseguindo o sonho do reconhecimento mundial (e também, porque não, uma melhor remuneração).
Entretanto, apesar dos casos de sucesso citados anteriormente, há também as situações onde lutadores talentosos assinam com a WWE, obtém algum pequeno (ou nenhum) sucesso, e simplesmente são dispensados em pouco tempo. As causas para isso variam, mas normalmente envolvem más decisões de booking, falta de oportunidades dadas aos lutadores, ou o fato de meramente não serem aquilo que supostamente a empresa queria, o que acaba resultando no famoso "creative has nothing for you" e na posterior demissão dos mesmos.
Para ilustrar essa situação incômoda, citarei hoje três casos de lutadores com fama mundial nas independentes e que foram chamados pela WWE, mas que pelos problemas citados, nunca se tornaram (infelizmente) as "major stars" que pretendiam ser.
O primeiro que citarei será o senhor Scott Colton, mundialmente conhecido como Colt Cabana, e que ingressou na WWE em 2007, após uma passagem de grande prestígio pela Ring of Honor. No referido ano, ele entra para a OVW, antigo território de desenvolvimento da WWE, e lá permanece por um ano, tendo como principal conquista um reinado como OVW Television Champion, após vitória sobre Shawn Spears (o atual "Perfect 10" Tye Dillinger), com quem também alcançou um cruto reinado como OVW Southern Tag Team Champion.
Em 2008, ele é chamado para o roster principal, fazendo parte do Smackdown e assumindo a gimmick de Scotty Goldman, um personagem mais voltado para a comédia. Em todos os combates que participou no Smackdown, Cabana saiu derrotado, ficando inclusive 5 meses de fora dos shows televisionados (de outubro de 2008 a fevereiro de 2009), simplesmente por não haver espaço, ou storylines para ele. Ele foi demitido em 20 de fevereiro, e no mesmo dia seu último combate, uma derrota para Umaga, foi exibido no Smackdown.
A facilidade com que Cabana consegue gerir uma gimmick cômica pode ser vista em suas passagens pela Chikara e PWG, mas além disso, ele também tem um talento técnico inegável, tendo realizado combates memoráveis contra Homicide e Bryan Danielson, em sua estadia na RoH (contra Homicide também podemos ver sua veia hardcore). Acrescentando a isso, ele também possui grande experiência como tag wrestler, formando duplas bem sucedidas com nomes como Chris Hero e CM Punk, além de várias alianças com lutadores como Eddie Edwards, Grado e El Generico (atual Sami Zayn).
O que pode ter pesado para a saída de Cabana foi provavelmente seu físico (um tanto diferente do "padrão WWE") e a época em que ingressou na Big E. 2008 foi um ano bastante cheio na companhia, com grande foco em lutadores como Edge, Rey Mysterio, Batista e Undertaker, além de termos um midcard que já possuía The Miz e John Morrisson, Umaga, Brian Kendrick, Shelton Benjamim entre outros, o que pode ter contribuído para que os criativos não tivessem nenhuma storyline para inseri-lo..
Infelizmente, viu-se que Cabana nunca recebeu a oportunidade que merecia, e, mesmo após grande insistência de CM Punk (seu melhor amigo e rival) em trazê-lo novamente para a companhia em 2012, ele jamais voltaria a TV da WWE.
Em seguida, falarei de Chris Spradlin, mais conhecido como Chris Hero. Este aqui dispensa apresentações: com uma carreira invejável nas independentes, onde lutou por praticamente todas as principais companhias do cenário indy, Hero é conhecido por sua versatilidade técnica tanto como lutador de singles como lutando em duplas, tendo conquistado inúmeros títulos. E foi essa versatilidade que chamou a atenção da WWE.
Porém, sua ida para a empresa de Stanford não foi tão fácil como se esperava. Seu companheiro de longa data Claudio Castagnoli (atual Cesaro) realizou junto com ele um tryout em 2011, onde Claudio foi imediatamente contratado para a FCW (antigo território de desenvolvimento da WWE, que veio a se tornar o atual NXT), enquanto que Chris foi recusado devido a falhar o exame de doping por uso de esteróides. O problema, é que Hero possui um nível de testosterona naturalmente elevado, o que fez com que o teste resultasse num falso-positivo, o que adiou em um ano sua vinda para a Big E (e criou uma série de piadas com a situação, onde Hero seria supostamente "macho demais" para a WWE).
Em fevereiro de 2012, ele enfim ingressa na FCW, assumindo o nome de Kassius Ohno, tendo vencido Xavier Woods em sua estréia. Ele teria pouca participação no território (inclua-se aqui uma title shot mal sucedida ao FCW Heavyweight Championship, de Seth Rollins, em abril), pois pouco tempo após sua estréia, este se tornaria o NXT que conhecemos atualmente. No novo território, Hero passou a usar a gimmick de um lutador metódico e violento, que sentia prazer em infligir dor e nocautear seus oponentes. Sua estréia foi com uma vitória sobre Mike Dalton (atual Tyler Breeze), em julho.
Em sua passagem pela brand, ele teve uma rivalidade de dois meses com Richie Steamboat, de onde saiu derrotado. Poucos dias depois, ele iniciou uma feud com o atual NXT General Manager, William Regal, que durou até abril de 2013, e também terminou com sua derrota, marcando também seu face turn, após pedir desculpas para Regal (num episódio em maio) e ser atacado pela Wyatt Family, com quem teve sua última feud. A rivalidade entre ele e a stable teve fim em junho, quando Hero e Corey Graves venceram uma number one contender match pelos NXT Tag Team Titles, contra Garrett Dylan e Scott Dawson, onde os faces foram atacados após a luta pelos Wyatts e por Dylan e Dawson. Em storyline, Ohno se lesionou ficando fora de ação por 3 meses.
Este afastamento no entanto, teve um significado um pouco diferente. Na realidade, ele havia sido afastado das atividades pela equipe da WWE por não se comprometer com os programas de condicionamento físico da empresa. Ele retornaria à ação em outubro, perdendo para Luke Harper e um mês depois, em novembro seria liberado de seu contrato com a WWE, afirmando que as portas ainda estariam abertas para um possível retorno.
Neste caso, o ponto principal para Hero não suceder em sua carreira é especificamente seu porte físico. Ele estava um tanto longe de ser o monstro musculoso que provavelmente desejavam que ele fosse, e o mesmo nunca demonstrou interesse em se tornar um. A decisão de afastar o lutador, e posteriormente demiti-lo, apenas por ele não possuir uma aparência atrativa, foi algo claramente exagerado, especialmente quando levamos em conta seu talento e experiência (bem evidenciados durante seu tempo no NXT, onde mesmo saindo por baixo em suas maiores feuds, tinha alcançado o respeito e admiração de seus colegas). Considerando que seu físico apenas piorou com o passar do tempo, creio que seja muito difícil voltar a ver o bom trabalho dele na WWE.
O último que irei citar aqui é Samuel Johnston, conhecido como Sami Callihan. Sami é um lutador que já participou em várias indys americanas, mas que possuiu um grande destaque nas companhias de wrestling hardcore, como a CZW, a IPW e Westside Xtreme Wrestling (nesta última chegou inclusive a ser campeão de duplas com Jon Moxley, o atual Dean Ambrose), ganhando vários títulos durante suas passagens por elas.
Para além de suas habilidades no wrestling hardcore, ele também possui ring-skills técnicas muito boas, e aliadas a uma aparência intimidadora e um bom carisma, ele conseguiu usufruir de um grande sucesso no cenário independente. E graças a isso, a atenção da WWE se direcionou a ele, e em maio de 2013 ele assinou um contrato para integrar o NXT, assumindo o nome de Solomon Crowe. Seu primeiro combate pela brand, foi num live event, em agosto, onde sofreu uma derrota para Xavier Woods.
Ele permaneceria combatendo em live events e dark matches por mais algum tempo, e em dezembro sua personagem foi estabelecida como sendo a de um hacker, fazendo uso de um tablet para controlar as luzes da arena, após um ataque contra Kalisto. Após continuar a combater fora da televisão por mais dois meses, em fevereiro de 2014, ele gravou seu debut em TV com uma vitória sobre Sylvester Lefort, que deveria ter ido ao ar em março, mas que foi removida do episódio do NXT correspondente. Sua estréia só aconteceria em fevereiro de 2015 (quase dois anos após sua entrada para a empresa), com um ataque a CJ Parker, onde sua gimmick de hacker foi abandonada. Seu primeiro combate televisionado foi uma vitória contra Bull Dempsey, em março.
Entretanto, a sorte não havia sorrido para o rapaz. Suas participações no NXT foram muito escassas, e raramente ele obtia vitórias em seus combates. Devido ao pouco uso, aparições muito espaçadas, poucas vitórias e basicamente nenhuma rivalidade relevante, em novembro ele requere sua liberação da WWE, retornando logo em seguida para as companhias independentes.
Aqui fica óbvio qual foi o problema: não sabiam o que fazer com ele. Seja por já possuírem estrelas em avançado desenvolvimento, ou por terem outros grandes nomes competindo, a questão é que basicamente Callihan foi ignorado por muito tempo dentro da brand (uma prova de que nem o NXT, apesar de muitas qualidades, é perfeito), e vendo que sua situação não mudaria ele resolveu sair e voltar à seu lugar de origem.
Este também é o caso que mais me intriga, pois não tem justificativa para não usar um lutador capaz como ele. Ele possui as skills necessárias, a aparência intimidadora de um grande heel, e, se permitissem mostrar realmente, o carisma necessário para se destacar entre os demais. Seu mal uso foi consequência de um momento de despreparo muito visível da WWE, que acabou por perder a chance de ter em suas fileiras alguém que num futuro bem próximo poderia vir a se tornar um sólido mid-carder (ou com alguma sorte, um upper mid-carder).
Com estes casos que ilustrei, pode-se ver que nem sempre a WWE consegue aproveitar quando estrelas já prontas aparecem à sua porta. Seja por falta de criatividade dos writers para inseri-los em storylines, ou por problemas envolvendo seu físico, é inegável que foi danoso foi para a companhia dos McMahon perder lutadores do calibre dos citados, que caso houvessem sido bem trabalhados, poderiam resultar em superstars sólidas e duradouras, que poderiam inclusive vir a carregar o nome da companhia junto à outros lutadores já consagrados no main roster.
Infelizmente, viu-se que Cabana nunca recebeu a oportunidade que merecia, e, mesmo após grande insistência de CM Punk (seu melhor amigo e rival) em trazê-lo novamente para a companhia em 2012, ele jamais voltaria a TV da WWE.
Em seguida, falarei de Chris Spradlin, mais conhecido como Chris Hero. Este aqui dispensa apresentações: com uma carreira invejável nas independentes, onde lutou por praticamente todas as principais companhias do cenário indy, Hero é conhecido por sua versatilidade técnica tanto como lutador de singles como lutando em duplas, tendo conquistado inúmeros títulos. E foi essa versatilidade que chamou a atenção da WWE.
Em fevereiro de 2012, ele enfim ingressa na FCW, assumindo o nome de Kassius Ohno, tendo vencido Xavier Woods em sua estréia. Ele teria pouca participação no território (inclua-se aqui uma title shot mal sucedida ao FCW Heavyweight Championship, de Seth Rollins, em abril), pois pouco tempo após sua estréia, este se tornaria o NXT que conhecemos atualmente. No novo território, Hero passou a usar a gimmick de um lutador metódico e violento, que sentia prazer em infligir dor e nocautear seus oponentes. Sua estréia foi com uma vitória sobre Mike Dalton (atual Tyler Breeze), em julho.
Neste caso, o ponto principal para Hero não suceder em sua carreira é especificamente seu porte físico. Ele estava um tanto longe de ser o monstro musculoso que provavelmente desejavam que ele fosse, e o mesmo nunca demonstrou interesse em se tornar um. A decisão de afastar o lutador, e posteriormente demiti-lo, apenas por ele não possuir uma aparência atrativa, foi algo claramente exagerado, especialmente quando levamos em conta seu talento e experiência (bem evidenciados durante seu tempo no NXT, onde mesmo saindo por baixo em suas maiores feuds, tinha alcançado o respeito e admiração de seus colegas). Considerando que seu físico apenas piorou com o passar do tempo, creio que seja muito difícil voltar a ver o bom trabalho dele na WWE.
O último que irei citar aqui é Samuel Johnston, conhecido como Sami Callihan. Sami é um lutador que já participou em várias indys americanas, mas que possuiu um grande destaque nas companhias de wrestling hardcore, como a CZW, a IPW e Westside Xtreme Wrestling (nesta última chegou inclusive a ser campeão de duplas com Jon Moxley, o atual Dean Ambrose), ganhando vários títulos durante suas passagens por elas.
Ele permaneceria combatendo em live events e dark matches por mais algum tempo, e em dezembro sua personagem foi estabelecida como sendo a de um hacker, fazendo uso de um tablet para controlar as luzes da arena, após um ataque contra Kalisto. Após continuar a combater fora da televisão por mais dois meses, em fevereiro de 2014, ele gravou seu debut em TV com uma vitória sobre Sylvester Lefort, que deveria ter ido ao ar em março, mas que foi removida do episódio do NXT correspondente. Sua estréia só aconteceria em fevereiro de 2015 (quase dois anos após sua entrada para a empresa), com um ataque a CJ Parker, onde sua gimmick de hacker foi abandonada. Seu primeiro combate televisionado foi uma vitória contra Bull Dempsey, em março.
Aqui fica óbvio qual foi o problema: não sabiam o que fazer com ele. Seja por já possuírem estrelas em avançado desenvolvimento, ou por terem outros grandes nomes competindo, a questão é que basicamente Callihan foi ignorado por muito tempo dentro da brand (uma prova de que nem o NXT, apesar de muitas qualidades, é perfeito), e vendo que sua situação não mudaria ele resolveu sair e voltar à seu lugar de origem.
Este também é o caso que mais me intriga, pois não tem justificativa para não usar um lutador capaz como ele. Ele possui as skills necessárias, a aparência intimidadora de um grande heel, e, se permitissem mostrar realmente, o carisma necessário para se destacar entre os demais. Seu mal uso foi consequência de um momento de despreparo muito visível da WWE, que acabou por perder a chance de ter em suas fileiras alguém que num futuro bem próximo poderia vir a se tornar um sólido mid-carder (ou com alguma sorte, um upper mid-carder).
Com estes casos que ilustrei, pode-se ver que nem sempre a WWE consegue aproveitar quando estrelas já prontas aparecem à sua porta. Seja por falta de criatividade dos writers para inseri-los em storylines, ou por problemas envolvendo seu físico, é inegável que foi danoso foi para a companhia dos McMahon perder lutadores do calibre dos citados, que caso houvessem sido bem trabalhados, poderiam resultar em superstars sólidas e duradouras, que poderiam inclusive vir a carregar o nome da companhia junto à outros lutadores já consagrados no main roster.
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